Ensaio "Ser Português"
Prêmio Literário "O que é ser Português?"
Prêmio Literário "O que é ser Português?"
A Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP) organizou, no âmbito dos 380 anos da Restauração da Independência, um Prémio Literário com o tema “O Que é Ser Português?”.
A Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP) organizou, no âmbito dos 380 anos da Restauração da Independência, um Prémio Literário com o tema “O Que é Ser Português?”.
Visando reforçar vínculos de pertença à identidade, língua e cultura portuguesas, bem como estimular a criatividade intelectual e artística dos portugueses e luso-descendentes, residentes em Portugal ou no estrangeiro.
Visando reforçar vínculos de pertença à identidade, língua e cultura portuguesas, bem como estimular a criatividade intelectual e artística dos portugueses e luso-descendentes, residentes em Portugal ou no estrangeiro.
Brasão da Sociedade Histórica da Independência de Portugal.
ENSAIO
ENSAIO
“O que é ser português?”
“O que é ser português?”
Prêmio Literário
Prêmio Literário
Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP)
Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP)
Autor José Antonio Ribeiro Neto
Autor José Antonio Ribeiro Neto
Introdução
Introdução
O meu nome é José Antonio Ribeiro Neto (Zezinho). Sou filho e neto de portugueses.
O meu nome é José Antonio Ribeiro Neto (Zezinho). Sou filho e neto de portugueses.
Nasci e cresci no Brasil, na quinta do meu avô paterno onde residia a minha família portuguesa.
Nasci e cresci no Brasil, na quinta do meu avô paterno onde residia a minha família portuguesa.
Vivemos também parte da vida na cidade com os meus avós maternos, numa comunidade numerosa.
Vivemos também parte da vida na cidade com os meus avós maternos, numa comunidade numerosa.
Corria em nós o sangue português, de união, cooperação e identidade cultural.Os portugueses são guerreiros, amantes da vida, trabalhadores, lutadores para dar aos filhos o melhor.
Corria em nós o sangue português, de união, cooperação e identidade cultural.Os portugueses são guerreiros, amantes da vida, trabalhadores, lutadores para dar aos filhos o melhor.
É preciso uma vivência diária com a família, avós, pais, irmãos, tios e primos para ser português.
É preciso uma vivência diária com a família, avós, pais, irmãos, tios e primos para ser português.
No saborear da comida, na roda de conversas, nas piadas dos tios, nos Natais a rir das histórias contadas.
No saborear da comida, na roda de conversas, nas piadas dos tios, nos Natais a rir das histórias contadas.
Viajar a Portugal e emocionar-se, sentir no coração e na alma a descendência portuguesa.
Viajar a Portugal e emocionar-se, sentir no coração e na alma a descendência portuguesa.
Ser português é algo que se sente ao longo do tempo,
Ser português é algo que se sente ao longo do tempo,
que está no coração, na alma e no espírito.
que está no coração, na alma e no espírito.
Nas origens, nos aprendizados vindos dos avós, pais e tios.
Nas origens, nos aprendizados vindos dos avós, pais e tios.
Nos ensinamentos traduzidos pela cultura portuguesa e na forma de ver a vida.
Nos ensinamentos traduzidos pela cultura portuguesa e na forma de ver a vida.
Ser português é uma soma de vidas, conhecimentos, ensinamentos passados de pais para filhos, de avós para netos, ao longo das gerações que transformam vidas na busca de identidade.
Ser português é uma soma de vidas, conhecimentos, ensinamentos passados de pais para filhos, de avós para netos, ao longo das gerações que transformam vidas na busca de identidade.
Resumo o que é ser português nos textos a seguir:
Resumo o que é ser português nos textos a seguir:
1 - Ser português é aprender com os avós e a família.
1 - Ser português é aprender com os avós e a família.
2 - Ser português é expressar a sua alma em histórias e frases.
2 - Ser português é expressar a sua alma em histórias e frases.
3 - Ser português é ter autocrítica, resiliência e coragem.
3 - Ser português é ter autocrítica, resiliência e coragem.
4 - Ser português é saber despertar, colaborar, orientar e reinventar-se.
4 - Ser português é saber despertar, colaborar, orientar e reinventar-se.
5 - Ser português é estar presente na vida dos filhos e das novas gerações.
5 - Ser português é estar presente na vida dos filhos e das novas gerações.
1 - Ser Português é aprender com os avós e família
1 - Ser Português é aprender com os avós e família
Os meus avós portugueses tiveram um impacto profundo na minha formação.
Cresci a ouvir conselhos, histórias e frases moldadas a partir das suas experiências de vida.
Enfrentaram a gripe espanhola no século passado, as duas guerras mundiais, crises globais como a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929, a falta de empregos, dificuldades para alimentar a família e a imigração para outro país.
Apesar da luta desigual, mantiveram a família unida, preparando o terreno para as futuras gerações. A minha avó faleceu antes de eu nascer, mas a sua foto na parede acompanha-me até hoje, como se a tivesse conhecido e convivido com ela a vida toda.
Os meus avós portugueses tiveram um impacto profundo na minha formação.
Cresci a ouvir conselhos, histórias e frases moldadas a partir das suas experiências de vida.
Enfrentaram a gripe espanhola no século passado, as duas guerras mundiais, crises globais como a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929, a falta de empregos, dificuldades para alimentar a família e a imigração para outro país.
Apesar da luta desigual, mantiveram a família unida, preparando o terreno para as futuras gerações. A minha avó faleceu antes de eu nascer, mas a sua foto na parede acompanha-me até hoje, como se a tivesse conhecido e convivido com ela a vida toda.
O meu avô trouxe de Portugal o gosto pela literatura, cultura e conhecimento do mundo. Militar em Portugal, tornou-se agricultor no Brasil. Era respeitoso com parceiros, meeiros, caseiros e vizinhos. Trazia em si o amor por Portugal e por Figueiró dos Vinhos, freguesia portuguesa do distrito de Leiria, na província da Beira Litoral.
O meu avô trouxe de Portugal o gosto pela literatura, cultura e conhecimento do mundo. Militar em Portugal, tornou-se agricultor no Brasil. Era respeitoso com parceiros, meeiros, caseiros e vizinhos. Trazia em si o amor por Portugal e por Figueiró dos Vinhos, freguesia portuguesa do distrito de Leiria, na província da Beira Litoral.
Com ele, aprendi sobre a terra, como cultivar, tratar os animais, respeitar o tempo e o clima, e ter paciência para ver a plantação crescer.
Com ele, aprendi sobre a terra, como cultivar, tratar os animais, respeitar o tempo e o clima, e ter paciência para ver a plantação crescer.
Na frente da casa, ele mantinha uma parreira de uvas. As suas podas eram orgulhosamente dadas aos amigos. Ele conversava com ela todos os dias para matar as saudades da terra além-mar e da minha avó que partiu muito cedo.
As suas histórias de Portugal eram contadas à noite, na varanda da casa, enquanto fumava um cigarro de palha, olhando divertidamente para o céu estrelado da Via Láctea, que banhava suavemente de luz a nossa quinta.
Lembro-me do seu andar lento pelas trilhas da quinta, um rito ao pensar, ao relacionamento com a natureza, à vida portuguesa de onde viera. A quinta estava localizada na cidade de Duartina, SP, de onde podíamos ver o sol nascer e se pôr, acompanhar a lua nas suas fases, a estupenda Via Láctea nos meses de inverno, chuva de meteoros e chuva abundante de água, banhando plantações, pastos e animais.
Na frente da casa, ele mantinha uma parreira de uvas. As suas podas eram orgulhosamente dadas aos amigos. Ele conversava com ela todos os dias para matar as saudades da terra além-mar e da minha avó que partiu muito cedo.
As suas histórias de Portugal eram contadas à noite, na varanda da casa, enquanto fumava um cigarro de palha, olhando divertidamente para o céu estrelado da Via Láctea, que banhava suavemente de luz a nossa quinta.
Lembro-me do seu andar lento pelas trilhas da quinta, um rito ao pensar, ao relacionamento com a natureza, à vida portuguesa de onde viera. A quinta estava localizada na cidade de Duartina, SP, de onde podíamos ver o sol nascer e se pôr, acompanhar a lua nas suas fases, a estupenda Via Láctea nos meses de inverno, chuva de meteoros e chuva abundante de água, banhando plantações, pastos e animais.
Aprendendo a ser português com meu avô
Aprendendo a ser português com meu avô
Meu avô paterno era muito culto, educado e gentil. Aprendi com ele a ser agricultor e um bom leitor.
Ele era fã de Eça de Queiroz e, além dos livros pessoais que havia trazido de Portugal, assinava a revista "Seleções" da Reader's Digest, traduzida para o português.
Sentado no chão de madeira da sua casa, eu costumava ler os livros e folhear as revistas. "Já terminaste de ler 'O Mandarim'?", perguntava ele, olhando para mim quando por ali passava.
Meu avô paterno era muito culto, educado e gentil. Aprendi com ele a ser agricultor e um bom leitor.
Ele era fã de Eça de Queiroz e, além dos livros pessoais que havia trazido de Portugal, assinava a revista "Seleções" da Reader's Digest, traduzida para o português.
Sentado no chão de madeira da sua casa, eu costumava ler os livros e folhear as revistas. "Já terminaste de ler 'O Mandarim'?", perguntava ele, olhando para mim quando por ali passava.
A quinta era preenchida com a presença de amigos de infância, primos, tios, tias, meeiros, caseiros e vizinhos, uma comunidade de forte sotaque que mergulhava nos costumes, comidas, frases, piadas, sorrisos e músicas portuguesas.
Caça, jogos de bocha, montar a cavalo, baloiços no cedro, futebol, buscar água na mina, ajudar na limpeza da casa, preparação das festas dos santos e trabalho duro compensavam o aprendizado.
Do lado da parreira, tínhamos um cedro enorme, com um baloiço de cabo de aço, duas mangueiras fornecendo sombra ao campo de bocha e um coqueiro alto que atraía pássaros.
A quinta era preenchida com a presença de amigos de infância, primos, tios, tias, meeiros, caseiros e vizinhos, uma comunidade de forte sotaque que mergulhava nos costumes, comidas, frases, piadas, sorrisos e músicas portuguesas.
Caça, jogos de bocha, montar a cavalo, baloiços no cedro, futebol, buscar água na mina, ajudar na limpeza da casa, preparação das festas dos santos e trabalho duro compensavam o aprendizado.
Do lado da parreira, tínhamos um cedro enorme, com um baloiço de cabo de aço, duas mangueiras fornecendo sombra ao campo de bocha e um coqueiro alto que atraía pássaros.
Na frente da casa, havia um relvado que servia de estacionamento, barracas de festas, campo de futebol, montaria de animais e disputas de corridas numa trilha que conduzia até a tulha, seguidas pelos cães que vibravam em nossas idas e vindas.
A tia Leonor, filha mais nova, testemunhava tudo, cuidando de nós com imenso carinho, cozinhando pratos portugueses, repreendendo-nos quando necessário e alegrando-nos com as suas atitudes positivas e carismáticas.
"Crescer convivendo com o meu avô paterno mostrou-me a importância de ser português, da cultura portuguesa, da calma e paciência, de viver e compartilhar."
Na frente da casa, havia um relvado que servia de estacionamento, barracas de festas, campo de futebol, montaria de animais e disputas de corridas numa trilha que conduzia até a tulha, seguidas pelos cães que vibravam em nossas idas e vindas.
A tia Leonor, filha mais nova, testemunhava tudo, cuidando de nós com imenso carinho, cozinhando pratos portugueses, repreendendo-nos quando necessário e alegrando-nos com as suas atitudes positivas e carismáticas.
"Crescer convivendo com o meu avô paterno mostrou-me a importância de ser português, da cultura portuguesa, da calma e paciência, de viver e compartilhar."
Minha avó Maria, avô José Antonio e os filhos Elvira e Manoel
Meu avô José Antonio ao centro com os irmãos Augusto e Serafim
Aprendendo a ser português com meus avós maternos
Aprendendo a ser português com meus avós maternos
Eles vieram da freguesia de Penhas Juntas, concelho de Vinhais, distrito de Bragança, província de Trás-os-Montes e Alto Douro, no norte de Portugal.
O meu avô José Elias era a calma em pessoa, tranquilo e sossegado. Era estrategista e empreendedor, possuindo um empório e um hotel, um negócio alimentando o outro, ideias que aprendi para o futuro.
Ele dava-me muita atenção. Depois das aulas, passava pelo empório para comer bolachas e doces portugueses, que naquela época vinham em latas e eram vendidos a peso.
Contava-me histórias e façanhas de quando vivia em Portugal, discorrendo sobre guerras na Europa, a sua ida para trabalhar na França, e o encontro com a minha avó Leopoldina que desafiou o pai para casar-se com ele, na época um ato raro.
Falava sobre as terras, as suas casas pequenas de pedra, o pouco espaço para plantar no solo pedregoso, o inverno rigoroso e a vida difícil que tinham.
Sempre o considerei um romântico pois percebia nele um encanto pela vida, pelos filhos e pela minha avó Leopoldina, uma portuguesa baixinha de personalidade forte e espírito vencedor que ele nem arriscava contrariar.
Eles vieram da freguesia de Penhas Juntas, concelho de Vinhais, distrito de Bragança, província de Trás-os-Montes e Alto Douro, no norte de Portugal.
O meu avô José Elias era a calma em pessoa, tranquilo e sossegado. Era estrategista e empreendedor, possuindo um empório e um hotel, um negócio alimentando o outro, ideias que aprendi para o futuro.
Ele dava-me muita atenção. Depois das aulas, passava pelo empório para comer bolachas e doces portugueses, que naquela época vinham em latas e eram vendidos a peso.
Contava-me histórias e façanhas de quando vivia em Portugal, discorrendo sobre guerras na Europa, a sua ida para trabalhar na França, e o encontro com a minha avó Leopoldina que desafiou o pai para casar-se com ele, na época um ato raro.
Falava sobre as terras, as suas casas pequenas de pedra, o pouco espaço para plantar no solo pedregoso, o inverno rigoroso e a vida difícil que tinham.
Sempre o considerei um romântico pois percebia nele um encanto pela vida, pelos filhos e pela minha avó Leopoldina, uma portuguesa baixinha de personalidade forte e espírito vencedor que ele nem arriscava contrariar.
Aprendendo a ser português com a minha avó Leopoldina
Aprendendo a ser português com a minha avó Leopoldina
Ela levava-nos à igreja todos os domingos, íamos em fila indiana com irmãs e primos, e eu sempre obedecia, seguindo as regras.
Quando ela vinha em direção à minha casa, observava-a e sentia um imenso orgulho, pois demonstrava estar decidida a chegar e resolver os problemas, quaisquer que fossem.
Aos domingos, ela esperava os filhos e netos para o almoço. Lá estávamos nós, à volta de uma grande mesa, a comer sardinhas, bacalhau com batatas, cebolas, pimentos e tomates, e o meu avô a servir um bom vinho português de garrafão. Ninguém reclamava da felicidade de ser português.
Ela levava-nos à igreja todos os domingos, íamos em fila indiana com irmãs e primos, e eu sempre obedecia, seguindo as regras.
Quando ela vinha em direção à minha casa, observava-a e sentia um imenso orgulho, pois demonstrava estar decidida a chegar e resolver os problemas, quaisquer que fossem.
Aos domingos, ela esperava os filhos e netos para o almoço. Lá estávamos nós, à volta de uma grande mesa, a comer sardinhas, bacalhau com batatas, cebolas, pimentos e tomates, e o meu avô a servir um bom vinho português de garrafão. Ninguém reclamava da felicidade de ser português.
“Ser Português é ter convivido com a sua família, aprendido com ela as dificuldades da vida. Manter estas lembranças para desenvolvê-las com os seus filhos e netos, chama viva da cultura e etnia portuguesas”.
“Ser Português é ter convivido com a sua família, aprendido com ela as dificuldades da vida. Manter estas lembranças para desenvolvê-las com os seus filhos e netos, chama viva da cultura e etnia portuguesas”.
2 - Ser Português é expressar a sua alma em histórias e frases
2 - Ser Português é expressar a sua alma em histórias e frases
Como neto e filho de portugueses, cresci a ouvir histórias dos meus avós. Eram histórias de uma sinceridade ímpar, relatos das guerras, viagens pela Europa, imigração para o Brasil, a escolha das esposas, convicções religiosas, políticas e desportivas, mágoas e alegrias.
Histórias como as da minha avó Leopoldina, que nos levava à missa aos domingos e se confessava, repetindo sempre o mesmo "pecado" de ter pegado um dinheirinho do meu avô. Ela recebia sempre a absolvição do padre que, cansado da mesma história, um dia sentenciou que "pegar dinheirinho escondido do marido não era mais pecado", o que a deixou muito feliz.
Como neto e filho de portugueses, cresci a ouvir histórias dos meus avós. Eram histórias de uma sinceridade ímpar, relatos das guerras, viagens pela Europa, imigração para o Brasil, a escolha das esposas, convicções religiosas, políticas e desportivas, mágoas e alegrias.
Histórias como as da minha avó Leopoldina, que nos levava à missa aos domingos e se confessava, repetindo sempre o mesmo "pecado" de ter pegado um dinheirinho do meu avô. Ela recebia sempre a absolvição do padre que, cansado da mesma história, um dia sentenciou que "pegar dinheirinho escondido do marido não era mais pecado", o que a deixou muito feliz.
Os meus avós transmitiram-me como ninguém a maneira de ser português, sintetizando situações difíceis em frases verdadeiras e significativas, apontando soluções em segundos. Quando a situação apertava, podia ouvir frases como “raios que te partam!” ou “raios me partam!”, que na pronúncia soava como “ralhos que te partam!”.
Estas histórias e frases originais fazem parte da minha vida portuguesa e guardo-as como relíquias que representam as saudades e o amor por eles. Elas surgem na minha mente inesperadamente quando estou envolvido em alguma situação de vida na qual se encaixam. Algumas destas frases publiquei em meu livro usando a expressão “como dizia o meu avô português”, pois lembram-me deste período da vida em que convivi com eles.
Os meus avós transmitiram-me como ninguém a maneira de ser português, sintetizando situações difíceis em frases verdadeiras e significativas, apontando soluções em segundos. Quando a situação apertava, podia ouvir frases como “raios que te partam!” ou “raios me partam!”, que na pronúncia soava como “ralhos que te partam!”.
Estas histórias e frases originais fazem parte da minha vida portuguesa e guardo-as como relíquias que representam as saudades e o amor por eles. Elas surgem na minha mente inesperadamente quando estou envolvido em alguma situação de vida na qual se encaixam. Algumas destas frases publiquei em meu livro usando a expressão “como dizia o meu avô português”, pois lembram-me deste período da vida em que convivi com eles.
“Ser Português é expressar a sua alma em histórias e frases, de geração em geração, transmitindo os dons de agir, pensar, realizar, amar, sofrer e desenvolver a vida de forma honesta e com muito trabalho.”
“Ser Português é expressar a sua alma em histórias e frases, de geração em geração, transmitindo os dons de agir, pensar, realizar, amar, sofrer e desenvolver a vida de forma honesta e com muito trabalho.”
Sentados: Meu avô José Elias e minha avó Leopoldina. De pé ao fundo meus tios: Cândida, Lino e minha mãe Narcisa. De pé na frente os meus tios: José, João, Félix, Wilson e Milton.
3 - Ser Português é ter autocrítica, resiliência e coragem
3 - Ser Português é ter autocrítica, resiliência e coragem
Baseado no que aprendi com os meus avós portugueses, percebi que eles enfrentavam a vida utilizando três princípios básicos que são Autocrítica, Resiliência e Coragem.
Baseado no que aprendi com os meus avós portugueses, percebi que eles enfrentavam a vida utilizando três princípios básicos que são Autocrítica, Resiliência e Coragem.
a) Autocrítica
a) Autocrítica
Ser português é ter autocrítica. “Tu não és melhor do que os outros,” dizia o meu avô português.
Ser português é ter autocrítica. “Tu não és melhor do que os outros,” dizia o meu avô português.
Em vez de criticar o mundo, critique a si mesmo. Olhe para dentro de si. Fala demais? Promete mais do que cumpre? Não respeita os diferentes? Não sabe conversar com os filhos? Considera-se superior?
Em vez de criticar o mundo, critique a si mesmo. Olhe para dentro de si. Fala demais? Promete mais do que cumpre? Não respeita os diferentes? Não sabe conversar com os filhos? Considera-se superior?
Isso definitivamente não é ser português. Não aprendemos isso com os nossos avós e pais. Não faz parte da nossa cultura portuguesa. Ser Português é ter autocrítica. Buscar o melhor para si e para os outros.
Isso definitivamente não é ser português. Não aprendemos isso com os nossos avós e pais. Não faz parte da nossa cultura portuguesa. Ser Português é ter autocrítica. Buscar o melhor para si e para os outros.
b) Resiliência
b) Resiliência
Ser português é ser resiliente. “Tem paciência, meu rapaz,” dizia o meu avô português.
Ser português é ser resiliente. “Tem paciência, meu rapaz,” dizia o meu avô português.
Resiliência significa ser flexível, ter a capacidade de superar obstáculos.
Resiliência significa ser flexível, ter a capacidade de superar obstáculos.
Uma forma apropriada de resiliência é considerar o argumento de que as nossas atitudes podem resultar em atos bons ou ruins.
Uma forma apropriada de resiliência é considerar o argumento de que as nossas atitudes podem resultar em atos bons ou ruins.
Para entender o resultado dos atos é preciso ser resiliente. Ter muita calma para lidar com os problemas, superando as adversidades.
Ninguém é mais resiliente que o português, enfrentando a vida de frente, com calma e paciência, diante das dificuldades que surgem.
Para entender o resultado dos atos é preciso ser resiliente. Ter muita calma para lidar com os problemas, superando as adversidades.
Ninguém é mais resiliente que o português, enfrentando a vida de frente, com calma e paciência, diante das dificuldades que surgem.
c) Coragem
c) Coragem
Se és português, sabes o que é ser corajoso. “Tenha coragem e monta no cavalo,” dizia o meu avô português.
Se és português, sabes o que é ser corajoso. “Tenha coragem e monta no cavalo,” dizia o meu avô português.
O medo é assustador. Quebra a confiança. Ele surge inesperadamente em várias etapas da vida.
O medo é assustador. Quebra a confiança. Ele surge inesperadamente em várias etapas da vida.
Idosos que caem têm medo de andar. Empresários falidos têm medo de desenvolver novas empresas. Jogadores com lesões crónicas têm medo de voltar a jogar. Amores perdidos tornam-se barreiras para não se apaixonar novamente. Crianças inseguras têm medo de tomar decisões. E por aí adiante.
Idosos que caem têm medo de andar. Empresários falidos têm medo de desenvolver novas empresas. Jogadores com lesões crónicas têm medo de voltar a jogar. Amores perdidos tornam-se barreiras para não se apaixonar novamente. Crianças inseguras têm medo de tomar decisões. E por aí adiante.
A coragem surge quando enfrentamos o medo. Quem não tem medo não é uma pessoa normal. O medo acompanha-nos por toda a vida, vai e volta diariamente. Vindos de Portugal, os meus avós, mãe e filhos cruzaram o oceano Atlântico em navios não muito seguros para os padrões de hoje. Tiveram coragem, mas devem ter tido momentos de muito medo.
A coragem surge quando enfrentamos o medo. Quem não tem medo não é uma pessoa normal. O medo acompanha-nos por toda a vida, vai e volta diariamente. Vindos de Portugal, os meus avós, mãe e filhos cruzaram o oceano Atlântico em navios não muito seguros para os padrões de hoje. Tiveram coragem, mas devem ter tido momentos de muito medo.
Várias técnicas são utilizadas para eliminar o medo, como mudar comportamento, racionalizar o problema, realizar tarefas simples até ganhar confiança para as mais complexas, respirar, relaxar, concentrar, apegar-se a Deus, tentar livrar-se da ansiedade, entre outras.
Várias técnicas são utilizadas para eliminar o medo, como mudar comportamento, racionalizar o problema, realizar tarefas simples até ganhar confiança para as mais complexas, respirar, relaxar, concentrar, apegar-se a Deus, tentar livrar-se da ansiedade, entre outras.
“Se és português, sabes que para viver e cuidar da tua família, é preciso coragem, confiança em ti mesmo, e livrar-se do medo o mais rápido possível. Ser português é ser corajoso.”
“Se és português, sabes que para viver e cuidar da tua família, é preciso coragem, confiança em ti mesmo, e livrar-se do medo o mais rápido possível. Ser português é ser corajoso.”
4 - Ser Português é saber despertar, colaborar, orientar reinventar-se
4 - Ser Português é saber despertar, colaborar, orientar reinventar-se
Muitas vezes na vida nos encontramos em dificuldades. Elas surgem em momentos inoportunos, alteram a nossa vida.
Ficamos chocados ao perceber o quão frágeis somos. Algumas situações podem ser resolvidas rapidamente, outras levam anos, e muitas nem sequer serão resolvidas.
Na nossa família, tivemos muitas dificuldades, como o falecimento da minha avó, a perda do irmão mais velho devido a câncer, a perda de um jovem sobrinho, derrotas financeiras nos negócios. É triste passar por isso.
A vida portuguesa oferece forças para superar estes embates. Aprendi a enfrentar estas situações e a orientar os meus filhos com as lições aprendidas. Aprendi o que me tornava mais português em quatro palavras: Despertar, Colaborar, Orientar e Reinventar-se.
Muitas vezes na vida nos encontramos em dificuldades. Elas surgem em momentos inoportunos, alteram a nossa vida.
Ficamos chocados ao perceber o quão frágeis somos. Algumas situações podem ser resolvidas rapidamente, outras levam anos, e muitas nem sequer serão resolvidas.
Na nossa família, tivemos muitas dificuldades, como o falecimento da minha avó, a perda do irmão mais velho devido a câncer, a perda de um jovem sobrinho, derrotas financeiras nos negócios. É triste passar por isso.
A vida portuguesa oferece forças para superar estes embates. Aprendi a enfrentar estas situações e a orientar os meus filhos com as lições aprendidas. Aprendi o que me tornava mais português em quatro palavras: Despertar, Colaborar, Orientar e Reinventar-se.
1 - Despertar
1 - Despertar
Ser português é saber despertar o seu instinto vencedor, buscando informações, orientações e conhecimentos para novos caminhos. Deixar para trás mágoas do passado, recomeçar e transformar-se numa pessoa melhor, buscando uma vida mais produtiva e feliz. As lições da vida servem-nos de força para despertar e enfrentar as dificuldades.
Ser português é saber despertar o seu instinto vencedor, buscando informações, orientações e conhecimentos para novos caminhos. Deixar para trás mágoas do passado, recomeçar e transformar-se numa pessoa melhor, buscando uma vida mais produtiva e feliz. As lições da vida servem-nos de força para despertar e enfrentar as dificuldades.
2 - Colaborar
2 - Colaborar
Colaborar com a família e a comunidade para enfrentar desastres que acontecem na vida, sem tempo e hora marcados.
Na família portuguesa, aprendemos a colaborar com os demais para suportar as situações complicadas. A vida pode desorientar-nos, mas ao receber apoio, passamos por momentos complicados e seguimos em frente.
Colaborar com a família e a comunidade para enfrentar desastres que acontecem na vida, sem tempo e hora marcados.
Na família portuguesa, aprendemos a colaborar com os demais para suportar as situações complicadas. A vida pode desorientar-nos, mas ao receber apoio, passamos por momentos complicados e seguimos em frente.
3 - Orientar
3 - Orientar
Se tens filhos, sabes o quanto é preciso saber orientar. Fornecer ideias e sugestões para que a pessoa se torne mais confiante para mudar o rumo, desenvolver novas metas, buscar novos caminhos na vida.
Os meus avós e pais sempre me orientaram quando necessário. Ser português é saber orientar os seus filhos, patrícios e amigos. Ser português é saber receber orientações para encontrar novos caminhos.
Se tens filhos, sabes o quanto é preciso saber orientar. Fornecer ideias e sugestões para que a pessoa se torne mais confiante para mudar o rumo, desenvolver novas metas, buscar novos caminhos na vida.
Os meus avós e pais sempre me orientaram quando necessário. Ser português é saber orientar os seus filhos, patrícios e amigos. Ser português é saber receber orientações para encontrar novos caminhos.
4 - Reinventar-se
4 - Reinventar-se
Muitas vezes temos de deixar de ser como éramos e perceber que é preciso melhorar, mudar a forma de como fazer e viver. Ser português exige de cada um de nós mudanças em certos momentos da vida para enfrentarmos as dificuldades. Ser português é saber rever os valores, repensar o que somos e o que queremos ser, indo de encontro ao inesperado, aquilo que sonhamos, mas ainda não realizamos.
Muitas vezes temos de deixar de ser como éramos e perceber que é preciso melhorar, mudar a forma de como fazer e viver. Ser português exige de cada um de nós mudanças em certos momentos da vida para enfrentarmos as dificuldades. Ser português é saber rever os valores, repensar o que somos e o que queremos ser, indo de encontro ao inesperado, aquilo que sonhamos, mas ainda não realizamos.
5 - Ser Português é estar presente na vida dos filhos e das novas gerações
5 - Ser Português é estar presente na vida dos filhos e das novas gerações
Assim como os meus pais, casei-me e tive filhos. A minha esposa é professora de música e idiomas, com formação em piano clássico e um bacharelato em literatura portuguesa e inglesa. A minha filha é jornalista e o meu filho, economista.
Assim como os meus pais, casei-me e tive filhos. A minha esposa é professora de música e idiomas, com formação em piano clássico e um bacharelato em literatura portuguesa e inglesa. A minha filha é jornalista e o meu filho, economista.
Tal como recebi dos meus avós e pais uma educação especial, orientada para princípios e valores herdados da minha família portuguesa, procurei transmitir esses mesmos princípios aos meus filhos. Da mesma forma que os meus avós orientaram, os meus pais aproveitaram a convivência com os meus filhos para lhes contar histórias e façanhas dos seus bisavós, deles próprios e da vida portuguesa aqui e além.
Tal como recebi dos meus avós e pais uma educação especial, orientada para princípios e valores herdados da minha família portuguesa, procurei transmitir esses mesmos princípios aos meus filhos. Da mesma forma que os meus avós orientaram, os meus pais aproveitaram a convivência com os meus filhos para lhes contar histórias e façanhas dos seus bisavós, deles próprios e da vida portuguesa aqui e além.
Ser português é ser capaz de manter estas tradições, através das histórias contadas, das experiências vividas e transmitidas. Sem isso, penso que deixamos de ser verdadeiramente portugueses, perdendo para as próximas gerações a força humana que trazemos dentro de nós e que nos caracteriza como pessoas especiais.
Ser português é ser capaz de manter estas tradições, através das histórias contadas, das experiências vividas e transmitidas. Sem isso, penso que deixamos de ser verdadeiramente portugueses, perdendo para as próximas gerações a força humana que trazemos dentro de nós e que nos caracteriza como pessoas especiais.
Desenvolver o amor português junto aos filhos, encaminhando-os para uma vida futura utilizando estas tradições, parece-me ser o correto. Acredito que os meus filhos possam levar adiante estes ensinamentos e orgulhar-se, como eu me orgulho, de ser português.
Desenvolver o amor português junto aos filhos, encaminhando-os para uma vida futura utilizando estas tradições, parece-me ser o correto. Acredito que os meus filhos possam levar adiante estes ensinamentos e orgulhar-se, como eu me orgulho, de ser português.
Ser português é, acima de tudo, estar presente na vida dos seus filhos e das novas gerações.
Ser português é, acima de tudo, estar presente na vida dos seus filhos e das novas gerações.