Poema Quarentena

Poema Quarentena - Memórias de um País Confinado

A Editora Chiado promoveu o desenvolvimento de um livro de poemas escrito por autores durante a quarentena da Covid-19.

Os autores deveriam refletir nos seus textos o que estavam a sentir enquanto estavam confinados em casa devido à epidemia.

Surgiram textos chocantes, embaraçosos, amorosos, críticos, solitários, simplistas e complexos.

Estes poemas foram publicados no Facebook da Editora e em livro físico, com os poemas mais significativos.


Fui convidado e escrevi o poema “De Onde Venho. De Onde Estou”.
Uma analogia sobre como era a vida antes e o que foi durante a quarentena.


Poema Quarentena: "De onde Venho. De onde Estou."

I - De Onde Venho

Estão as montanhas. Mar. Brisa.

Vejo colinas. Árvores. Flores. Pássaros.

Tudo silencioso. Calmo. Distante. Harmónico.

Crianças brincando. Sorrindo.

Gente falando. Em afectos. Felizes.

Beijos. Troca de olhares. Confidências.

De onde venho, digo-te ao certo, sou amado.

Recebo o bom dia. Acenos. Olhares carinhosos.

Ouço as vozes. Falo. Escuto. Aprendo.

Lembro-me ao certo. Encontrei o amor. Fiz história.

Eduquei-me. Na bondade. Na esperança. Na fé.

De onde venho. Só sei que sempre será como foi.


II - De Onde Estou

Olho assim. Pela pequena janela. Binóculo da vida.

Vejo passar o dia. Noite. Entre céu e terra de cimento.

Rezo. Leio. Assisto. Levanto-me. Sento. Ando. Repito os atos.

Perdi-me nas horas. Parecem vagas. Sem sentido.

Não me atrevo a escapar. Perdi as forças. O meu medo consome-me.

De onde estou, poucos são os que sabem de tudo.

Muitos são os que sabem de nada. Apenas obedecem.

Penso em todos. Nestes de onde estou. Naqueles de onde venho.

Todos têm espírito. Alma. Mente. Coração.

Somos mais que tudo isso. Mais que este sonho infinito.

Surgindo todos os dias. Sem fim. Sem recomeço.

De onde estou. Penso em voltar para de onde venho.

Autor: José Antonio Ribeiro Neto (Zezinho)

Livro QUARENTENA (créditos Chiado Books)