Avós Portugueses Paternos

José Antonio tem orgulho dos seus avós portugueses, que lhe deixaram um legado de honestidade, trabalho, ética, luta, perseverança e sabedoria.
Este legado teve um impacto profundo na sua formação, crescendo ao ouvir os seus conselhos, histórias e frases inspiradas nas suas experiências de vida.
Em homenagem a eles, escreveu um livro que reflete os aprendizados obtidos durante a sua infância e adolescência, intitulado "Como Dizia o Meu Avô Português - Orientações para Reinventar-se na Vida Pessoal e Profissional".

Meus avós paternos. Avó Maria, Avô José Antonio e filhos Elvira e Manoel.

1 - Os meus avós paternos, José António e avó Maria

A minha avó faleceu antes do meu nascimento. A sua foto na parede da casa do meu avô acompanha-me até hoje, como se tivesse convivido com ela toda a vida.

O meu avô trouxe de Portugal o gosto pela literatura, cultura e conhecimento do mundo. Foi militar em Portugal e tornou-se agricultor no Brasil. Era respeitador com os seus parceiros, meeiros, caseiros e vizinhos. Amava Portugal e Figueiró dos Vinhos, uma freguesia portuguesa do distrito de Leiria, na província da Beira Litoral.

Com ele, aprendi sobre a terra, cultivar, tratar dos animais, respeitar o tempo e o clima, ter paciência para ver a horta crescer. À frente da casa, ele mantinha uma parreira que fornecia uvas ao longo do ano, e as podas eram dadas aos amigos. Parecia conversar com ela todos os dias para matar as saudades da terra além-mar e da minha avó Maria.

As suas histórias de Portugal eram contadas à noite na varanda da casa, fumando cigarros de palha, olhando para o céu estrelado da Via Láctea que banhava suavemente de luz a nossa quinta.
Lembro-me do seu andar calmo pelas trilhas da quinta. Era um ritual ao pensar, ao relacionamento com a natureza.
Por outro lado, como jovem eu adorava correr nas trilhas para levar algo aos vizinhos, os Rodrigues, os Morgados e os Silva.

A quinta onde vivíamos ficava a 7 km da cidade de Duartina-SP.  Podíamos ver o nascer e o pôr do sol, acompanhar as fases da lua, a estupenda Via Láctea nos meses de inverno, as chuvas de meteoros e a abundante chuva que banhava as plantações, os pastos e os animais.

Meu avô José Antonio ao centro e os irmãos Augusto e Seraphim.

2 - Aprendendo com o meu avô paterno

O meu avô era culto, educado e gentil.
Era fã de Eça de Queirós e, para além dos livros pessoais que tinha trazido de Portugal, assinava as revistas Seleções da Reader’s Digest e Life publicadas em português.
Ele incentivava-me na cultura, e quase sempre sentado no chão de madeira da sua casa, costumava ler os livros portugueses e os artigos das revistas.
Neles aprendi histórias de superação e sobre autores portugueses e a sua importância para a literatura. Neste universo, pensei que um dia poderia tentar escrever alguma coisa, quem sabe um livro.

Eu e as minhas irmãs nascemos na sua quinta, onde vivemos durante muitos anos. Tínhamos a presença de amigos de infância, primos, tios, tias, meeiros, caseiros, visitantes, vizinhos e agricultores da região.
Do lado da parreira havia um cedro enorme, com um baloiço de cabo de aço, duas mangueiras que forneciam sombra ao campo de bocha e um coqueiro alto que atraía pássaros de todos os tipos.

Caçadas, jogos de bocha, montar a cavalo, baloiços no cedro, futebol, buscar água, ajudar na limpeza da casa, preparar festas juninas e trabalho árduo compensavam o aprendizado.
Na frente da casa, havia um relvado imenso que podia servir de estacionamento, campo de futebol, montaria de animais.
Disputávamos corridas numa trilha que conduzia até à tulha de café, seguidos pelos cães que vibravam nestas idas e vindas.

Tia Leonor, filha que acompanhou o meu avô até ao final da vida, testemunhava tudo, cuidando de nós com imenso carinho, cozinhando pratos preferidos, puxando as nossas orelhas quando necessário, alegrando-nos com as suas atitudes positivas e carismáticas.
Com o meu avô, aprendi a gostar de ler, escrever, trabalhar, conviver com diferentes pessoas e respeitá-las.

Com os trabalhos na quinta, aprendi que é preciso ter disciplina e foco no que é importante ser realizado, e descrevo estes aprendizados no livro "Como dizia meu Avô Português - Orientações para Reinventar-se na vida Pessoal e Profissional".